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A infecção pelo HPV é uma das principais causas de morbidade na população masculina, no que diz respeito a doenças sexualmente transmissíveis. A incidência dessa infecção  no homem é alta, chegando a 38,4 por 1.000 pessoas/mês. O risco de novas infecções em 12 meses varia de 30 a 40%. Não há diferença por faixa etária na incidência de infecção pelo HPV no homem e também não há associação entre idade e prevalência dessa infecção.

Porém, quando se leva em consideração apenas os tipos oncogênicos de HPV, observa-se um pico da infecção correndo entre 30 e 34 anos. A curva de prevalência da infecção pelo HPV no homem é muito maior do que na mulher e não há tendência de redução com a idade. A prevalência no homem permanece elevada (50% a 70%) em toda a sua vida.

A mulher tem maior probabilidade de adquirir tipos de HPV de alto risco oncogênico, enquanto no homem o contágio por tipos de baixo e de alto risco é semelhante.

O homem tem um papel importante na disseminação do HPV e muito se tem discutido sobre sua participação nas frequentes recidivas e persistência da infecção nas mulheres. De todas as localizações no trato genital masculino, o pênis, o escroto e a uretra são as que possuem mais tipos virais encontrados. 

O câncer de pênis é um tumor raro, com maior incidência em homens a partir dos 50 anos, embora possa atingir também os mais jovens. Está relacionado às baixas condições socioeconômicas e de instrução, à má higiene íntima e a não circuncisão. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. 

No entanto a principal causa do câncer de pênis é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), cuja contaminação ocorre por contato direto com a pele infectada, principalmente por meio de relações sexuais. Até 40% dos casos da doença são causados por esse vírus, cujo contágio alcança 80% da população sexualmente ativa. 

O sintoma mais comum é o aparecimento de uma ferida avermelhada, que não cicatriza, ou de um pequeno nódulo, na glande, no prepúcio ou no corpo do pênis. Inicialmente, essas lesões podem não doer, o que retarda o diagnóstico. Outros sintomas são manchas esbranquiçadas ou perda de pigmentação na glande, presença de esmegma com odor forte e de gânglios inguinais aumentados de volume na virilha. 

No início, o câncer de pênis fica restrito às camadas superficiais do pênis. Com o passar do tempo, o tumor se espalha pelo interior do órgão e atinge os linfonodos (ínguas) da virilha e do abdômen, configurando-se o que chamamos de metástase. Quando chega a esse estágio, a amputação do órgão é quase inevitável. 

A mutilação peniana é decorrente do diagnóstico tardio da doença e – alerta o Ministério da Saúde – o público masculino tem mais resistência em visitar o médico e fazer exames preventivos.

Enquanto 16 mil mulheres consultam anualmente o ginecologista, apenas 2 mil homens visitam o urologista no mesmo período. 

Anualmente, mais de mil brasileiros são submetidos à amputação do pênis por causa do câncer e, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), a mutilação é causada pela falta de cuidados, o que leva ao diagnóstico tardio da doença. Isso faz com que o Brasil ocupe um dos primeiros lugares em câncer de pênis no mundo, perdendo apenas para a Índia e alguns países do continente africano. As lesões causadas pelo HPV no pênis também são transmissíveis e podem levar ao desenvolvimento de doenças nos parceiros.

 Texto: Cristina Camarena Soares

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