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O que era para ser uma brincadeira se tornou uma disputa para destruir outras pipas, onde o cerol impera.

Uma mistura criminosa de cola, vidro moído, ou pó de ferro, usada em linhas de pipas (pandorgas ou papagaios), está sendo amplamente utilizado por crianças em Itapoá.

A reportagem do Itapoá Notícias saiu às ruas onde entrevistou 15 crianças entre 08 e 17 anos que estavam utilizando o cerol em suas linhas empinando pipas em locais com tráfego constante, incluindo motociclistas e skatistas, que são as principais vítimas deste crime,

Todos os anos milhares de acidentes com a utilização do cerol são registrados no Brasil, sendo muitos fatais, acidentes estes que poderiam serem evitados com o cumprimento das leis vigentes no País. O que devia ser uma brincadeira, na verdade é algo muito perigoso. Tão perigoso, que é um crime passível de detenção, pois é capaz de provocar cortes profundos que poderão inclusive levar animais humanos e não humanos a morte, sendo considerada uma substância perfuro-cortante e, portanto, podendo-se muito bem ter seu enquadramento como uma arma branca.

 

Outras penalidades:

 Perigo para a vida ou saúde de outrem - art. 132, crime de lesão corporal, o qual, em praticamente 100% dos casos será na modalidade grave (até 08 anos), no caso de ocorrência de óbito ocasionado pelo cerol, aquele que o utilizou e acabou ocasionando o fato deverá ser processado pelo crime de homicídio culposo. Vender cerol também pode e será penalizado, pois quem vende, sabe qual sua utilidade, sendo de conhecimento geral o perigo à vida que tal “produto” poderá ocasionar, portanto, sendo complacente com esse risco.

 

 Disputa

Perguntado a todos os entrevistados –cujo nomes e fotos não podem ser mostrados por serem menores de idade-, todos foram unanimes em ‘confessar’ que estavam utilizando cerol no momento da entrevista , e que não deixarão de utilizar mesmo sabendo que é crime.

“Isto aqui é uma disputa. Se não colocar o cerol eles cortam a minha linha, por isto não vou deixar de utilizar. Se quiserem me prender que me prendam, mas não vou deixar de usar”, diz o adolescente de 17 anos, afirmando em tom irônico que os ‘motoqueiros’ é que têm de tomar cuidado, não eles. Perguntado se não tinha receio de estar infringindo uma lei, o mesmo foi categórico:

“Isto é história para boi dormir. Desde quando alguém vai preso por acidente com cerol. Isto é Brasil, e você como jornalista deveria saber disto. Sou menor de idade, por isto ‘vá se catar’ e ‘deixe eu’  cortar aquela pipa, disse o adolescente já irritado apontando outra pipa no ar..

 

Perigo

Além dos seres humanos, milhares de aves têm suas asas e dedos decepados.  Outro problema são os danos materiais causados pela utilização do cerol, os quais provocam avarias em vários bens públicos, em especial nas redes elétricas. Além do cerol, as redes ficam entupidas com pipas que enroscam na fiação causando perigo e trabalho aos profissionais responsáveis, os quais têm de realizar a manutenção e limpeza periódica para evitar curto circuitos nas redes.

 

Pais

Na grande maioria das vezes os pais nem ao menos tem conhecimento que seus filhos estão utilizando o cerol, já que antigamente soltar pipa era uma brincadeira saudável e divertida, e não nesta verdadeira guerra que é hoje, onde os empinadores tem como objetivo somente a disputa em ver quem consegue cortar mais pipas dos outros participantes.

Geralmente, as crianças utilizam duas latas com fio. Uma com cerol para utilizarem na rua, e outra para apresentar quando chegam em casa, motivo pelo qual os pais devem redobrar a atenção.  Na reportagem um dos meninos disse que não é mais necessário fazer o cerol tradicional que da, segundo ele, muito trabalho, pois já tem a mistura pronta vender.

“Aqui em Itapoá ainda não encontrei o cerol chileno, mais em Curitiba tem em vários lugares. É só encomendar para meu vizinho que reside lá que ele me trás quando vem nos finais de semana”, disse um dos empinadores de apenas 12 anos.

 

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